sábado, 9 de novembro de 2013

Chove sangue em Curitiba com a Madrugada Sangrenta


Cenário do projeto Madrugada Sangrenta parecia uma cena criminal isolada.

Por Natalia Brückner

Na noite dessa sexta-feira (8) presenciei mais uma exibição do projeto Madrugada Sangrenta da Corrente Cultural de Curitiba. Eu já tinha ido à anterior, no ano passado, na qual fiquei das 22h às 6h da manhã do dia seguinte atrelada a uma poltrona na Cinemateca de Curitiba. Havia filas enormes de gente que disputava um lugar para assistir aos clássicos estrangeiros e produções nacionais de filmes de horror. Dessa vez foi diferente, porém igualmente maravilhoso. Cada espectador tinha que levar seu assento para assistir os filmes. Eu e meu namorado (e também parceiro de reportagem), quando chegamos ao Centro Cultural SESI Heitor Stockler de França, um casarão polonês antigo na Marechal Floriano que sediava o evento, percebemos que fomos os únicos preparados demais para a noite, pois todos estavam sentados no chão mesmo, em cima de um plástico preto estendido na terra. O ambiente parecia uma espécie de cena criminal isolada, pois havia o tal plástico preto, um cone amarelo e preto, e sangue. Isso mesmo, poças de sangue no plástico em que as pessoas se sentavam. Meu namorado virou para mim e comentou: “Falta uma faixa de ‘keep out’ e um desenho de um boneco morto”. 

Look para a sessão: capa de chuva e fone de ouvido.

Diferentemente do ano passado, no qual os espectadores prestigiaram a exibição caracterizados de zumbis, a indumentária deste ano era igual para todos, dos espectadores aos diretores: uma capa de chuva feita em saco plástico, um saco preto para colocar as bolsas, e fones de ouvido. A capa e o saco para a bolsa eram para se proteger da chuva de “sangue” que cairia sobre todos nós durante a exibição do filme, sobretudo nas cenas mais sangrentas. E o fone de ouvido serviria para captar o áudio das exibições, por meio de frequência de rádio. A Madrugada Sangrenta teve início às 20h com o filme “Evil Dead 2 – Uma Noite Alucinante” (1987), depois ás 22h, com o longa “Zombio 2 - Chimarrão Zombies” (2013), dirigido por Petter Baiestof, e fechou com “Nervo Craniano Zero” (2012), de Paulo Biscaia Filho.

Horror foi tema de sessão "walk in".
Segundo Diana Moro, idealizadora da Madrugada Sangrenta, e Biscaia Filho, diretor da companhia Vigor Mortis, e curador do evento, a edição deste ano foi uma junção de três projetos já realizados. O “Blood-o-rama”, criado por Biscaia especialmente para ser uma exibição singular de “Nervo Craniano Zero”, no qual caíram chuvas de um líquido vermelho que simula sangue durante o filme, o “Grotesco Vision”, festival de filmes de terror que estreou no Carnaval deste ano com exibição em “walk in”, cujo áudio é transmitido por radio, e a própria Madrugada Sangrenta, em sua segunda edição. A utilização de rádios portáteis ou de telefone celular dos espectadores serviu como alternativa para aproveitar um espaço livre sem fazer barulho para a vizinhança e, ao mesmo tempo, garantir uma transmissão de qualidade em áudio. Além disso, a iniciativa mostra a valorização do cinema local, ainda mais durante a temporada de frenesi cultural mais esperada do ano. 

Biscaia Filho e Diana Moro clamam por mais sangue na cultura curitibana e, se depender deles, vem mais por aí. Em breve há lançamento de mais dois curtas-metragens e um longa da Vigor Mortis, além de mais edições do Grotesco Vision e da Madrugada Sangrenta. Que chova mais sangue!

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