sexta-feira, 24 de julho de 2015

Do vôlei ao cinema com Wellington Sari

Por Jéssica Dombrowski Netto

Foto Bruna Dal Vesco


Em 2008 eu entrei para a faculdade de cinema da FAP. Um dia ele estava fazendo seu primeiro curta universitário e eu estava na sala de edição. Me lembro ter feito alguns comentários sobre a produção dele. Acho que foi aí que começamos a conversar e há cinco anos trabalho com ele aqui na O Quadro. 

Assim começou a conversa em um final de tarde na produtora de cinema em que Anderson Simão trabalha. Ao subir as escadas, o que mais se vê pelas paredes são quadros de filmes de todas as épocas. Acho que é daí que veio o nome da empresa. Dois sofás laranjas confortáveis em uma sala com a vista para a rua e o céu escurecendo. Além de amigos, os dois parceiros trocam conselhos e experiências de vida, já que os gostos são meio parecidos.

A conversa se estendeu…

Aqui na produtora ele dirige e escreve mais do que eu. Eu sou mais prático e ele é o mais pensante. É como se eu fosse o Paul Mccartney e ele o John Lennon. Isso é outra coisa que você vai notar. Ele adora fazer analogias. Ele também é bem teimoso, a gente sempre discute. 

O dito popular perde o amigo, mas não perde a piada se encaixa na personalidade dele. Faz as pessoas rirem em qualquer situação.

Após perder o contato com o seu pai e fazer terapia por dez anos, Wellington Sari, que desmentiu esta primeira frase, leva a vida com um diploma de Jornalismo pelo UniBrasil e outro de Cinema pela FAP e atualmente é produtor, escritor e ator. Antes de entrar na faculdade em 2006, era jogador de vôlei. 

Resgatou a vontade de ganhar nas competições de kart que realiza com a galera da produtora e agregados. A competitividade de Wellington o permite jogar sujo para alcançar a linha de chegada. 

Na última corrida a gente tava sempre em terceiro e quarto e na última curva pra chegar na reta ele bateu em mim pra me tirar da pista. 

Wellington sabia que o seu amigo ia contar essa história da corrida. “Talvez é isso que me define. Alguém que tira todos do caminho para ultrapassar”, disse o cara que brinca de ser criança toda vez que está pilotando. É um corredor. Assim como fazia quando era mais jovem e se imaginava um cineasta. Diz saber quem é, mesmo sem querer.

Ao abrir a porta de sua casa, o que chama a atenção é uma estante lotada de objetos de ficção científica. Além do boneco ET em cima da mesa redonda da sala. Sua autoanálise sobre tais objetos é que ele seria uma criança que não se desenvolve ou um alienígena no seu próprio espaço.

Os produtos foram comprados graças a uma de suas obsessões momentâneas, como a vez que se viciou na história da guerra do Vietnã por algumas semanas. Ou durante as Olimpíadas de inverno e verão quando passa a semana inteira em casa assistindo do início ao fim.

Gosto bastante de ficar em casa. Quanto mais velho eu fico, mais eu sou caseiro. Se eu vou em algum lugar ouvir música, eu acho tudo ruim, então eu fico ouvindo as minhas músicas e pirando sozinho, com a galera ou com a namorada.

Música e cinema. Era disso que Wellington tratava na faculdade. O seu filme favorito naquele momento era Um tiro na noite, de 1981. Dez minutos depois a preferência mudou. O diretor deste filme, Brian de Palma, faz parte do seu porto seguro, junto com John Hughes, Eric Rohmer e Hitchcock. Mas a verdade é que seu cineasta predileto é ele mesmo.

Tenho acompanhado a minha carreira com cada vez mais interesse.

E é claro, desmentiu a frase logo após dizê-la. 

Com muita brincadeira é contada um pouco da vida de Wellington Sari, em uma semana de junho ao som de The Jesus and Mary Chain no disco de vinil que foi tocado em seu sobrado.

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