segunda-feira, 6 de julho de 2015

Documentário mostra dilema de criador ilegal de animais silvestres em Nova Yor

Cena de "Ming of Harlem: Twenty one Storeys in the Air". Foto: Reprodução.
"Ming of Harlem: Twenty one Storeys in the Air" acompanha caso real de homem que perde tigre e acaba preso por manter cativeiro ilegal

Por Patrick Ribeiro

O documentário "Ming of Harlem: Twenty one Storeys in the Air" foi um dos destaques da mostra Novos Olhares. Dirigido por Phillip Warnell, a produção foi exibida pela primeira vez no Festival Olhar de Cinema no dia 13 de junho. 

A obra acompanhar Ming, um tigre criado desde filhote em cárcere doméstico por Antoine Yates no vigésimo primeiro andar de um prédio no Harlem. No mesmo apartamento vive Al, um crocodilo. Um dia Ming foge, as autoridades americanas descobrem os animais escondidos e Yates acaba preso. 

O filme apresenta duas perspectivas distintas a partir do fato. Em uma, Antoine é o protagonista. Na outra, há um narrador onisciente. Angustiado e nostálgico, o criador revela como era seu cotidiano com os animais e sua relação afetiva com eles. Para a câmera, ele fala sobre o medo de estar próximo de seres dóceis, mas naturalmente predadores. 

A narração onisciente mostra a imponência natural dos animais e a dualidade entre criador e criatura. Há também um jogo de imagens. Às vezes, aparece uma criança solitária fazendo alusão ao Tigre. Em outros momentos, o ambiente cinematográfico faz alusão a uma floresta, como se estivesse vendo a partir dos olhos do Tigre ou do Crocodilo.

Grande parte das cenas não tem diálogos. Apenas imagens da vivência dos animais, que enfatizam a extrema solidão. Trata-se de um ambiente opressor, com grandes portas de ferros e poucas janelas. Essa claustrofobia contradiz o lado de fora do prédio, que mostram a inquietante e grandiosa Nova York.

Existe uma complexidade no discurso do filme. Se, por um lado, os animais estão presos e fora de seu habitat natural, Antoine consegue estabelecer uma relação amorosa bem forte com eles. Quando são retirados dele, o espectador sente como se ele tivesse sido desmembrado. 

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