segunda-feira, 6 de julho de 2015

Retrospectiva exibe grandes clássicos de Jacques Tati

Cena de "Playtime - Tempo de Diversão". Foto: Reprodução.
Aclamado cineasta francês Jacques Tati foi tema de uma retrospectiva especial no 4° Olhar de Cinema, que ocorreu entre 10 e 18 de junho de 2015 em Curitiba

Por Alexandre Grecco

A mostra "Olhar Retrospectivo: Jacques Tati" apresentou ao público curitibano nada menos que oito obras, 6 longas e 2 curtas, do mestre francês da comédia Jacques Tati. Dentre as obras estavam "As Férias do Senhor Hulot" (França, 1953), "PlayTime – Tempo de Diversão" (França, 1967) e "As Aventuras do Sr. Hulot no Tráfego Louco" (França, 1971).

Em "As Férias do Senhor Hulot", o diretor mostra história do cômico e atrapalhado Hulot, que resolve passar suas férias em um resort no litoral da costa do Atlântico. Logo que chega é notado por todos por seu carro barulhento e seu jeito atrapalhado e inocente, bem diferente dos demais turistas.

Entre confusões e trapalhadas, o hóspede acaba dividindo opiniões dos outros turistas hospedados no resort. Dentre os poucos que gostam do seu jeito peculiar, está uma bela moça, que se impressiona e até o ajuda em suas trapalhadas.

Orlando Galviz.
"Eu já vi [filmes de Tati] várias vezes em minha juventude. Quando existem reprises como essas, sempre venho. Gosto dos filmes dele, pois são clássicos", diz o aposentador Orlando Galviz, de 73 anos. Ele saía da exibição de "As Férias do Senhor Hulot", um dos seus favoritos, quando foi abordado por nossa reportagem.

No filme, há muitas questões vigentes até hoje. A ponto de qualquer pessoa conseguir identificar as críticas sociais do cineasta. Um dos pontos abordados pelo diretor é a capacidade de captar a debilidade da natureza do ser humano, independente da idade. Até as crianças, ao portarem uma lupa, podem ser cruéis. Uma delas chega a queimar uma barraca.  Em tempos de debate sobre a redução da maioridade penal, podemo efetivamente discutir o quanto isso é um ato criminoso e o quanto isso parte da inocência de um jovem. 

"Jacques Tati é genial. Ele consegue pintar realidades existenciais, apresentando em cada cena o comportamento e as reações do ser humano. Para mim, o diretor é daquelas genialidades que não vão morrer nunca", avalia Galviz. 

Em "PlayTime – Tempo de Diversão",  o Sr. Hulot se depara com outra aventura. Dessa vez, são os turistas americanos que fazem bagunça e causam confusão. 

Kauan Lunardon.
Em "Aventuras do Sr. Hulot no Tráfego Louco", o personagem trabalha como funcionário de uma empresa automobilística. Ele deve transportar o protótipo de um novo carro para uma Exposição Automobilística Mundial, que ocorre em Amsterdã. Durante o trajeto, muitas coisas ocorrem. O caminhão quebra, há problemas de documentação e perseguições policiais. 

O estudante universitário Kauan Lunardon, 18 anos, conhecia pouco da obra de Tati e adorou o que viu na mostra paralela do diretor no Olhar de Cinema. "Gostei muito porque ele é muito diferente dos filmes comerciais temos hoje. O cineasta explora a imagem e o humor de um jeito único. Isso foi o que mais marcou."

Antes de serem exibidos, os filmes tiveram uma excelente recuperação, que permitiram uma imagem incrível, considerando que alguns dos títulos tinham mais de 60 anos. As obras apresentaram uma forma de humor que parecem ter inspirado o personagem Mister Bean, de Rowan Atkinson. O tratamento das cenas, porém, é mais refinado. Tudo é muito simples, quase evitando ser engraçado. 

Na plateia, as gargalhadas vinham de todas as idades. Isso mostra que uma boa comédia não tem idade e nem precisa ser forçada. As obras de Jacques Tati mostram que a genialidade não depende de coisas grandes e podem ser encontradas em qualquer lugar.

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